Review: O Profeta (Un Prophète, FRA, 2009)

Avaliação Pessoal: 8,5

O cinema francês como sempre é muito bom. Aliás, melhor dizendo, há quem não goste, mas para meu gosto é realmente muito bom. “O Profeta” mostra um cinema francês moderno, saindo um pouco da convencional demonstração de situações cotidianas (característica francesa), para abordar a violência no sistema penitenciário francês, tema este que, caso um dia fossemos questionados a respeito, muito provavelmente responderíamos: “E existe isso na França!?”

Pois bem, existe! E como sabemos não é só um problema de lá, aqui no Brasil as penitenciárias são verdadeiras masmorras de gente empilhada, onde o indivíduo entra são (por mais contraditório que seja) e sai completamente louco! É sobre essa temática que se desenvolve “Un Prophète”. O jovem descendente de árabe Malik El Djebena, protagonista da história, é preso por ter supostamente espancado um policial, o que não fica realmente provado no filme (e também se mostra pouco crível dada a compleição física do rapaz), e, ao chegar à penitenciária, tenta passar-se por despercebido, imbuído no único objetivo de cumprir sua pena e ir embora dali.

Pobre Djabena. Seu isolamento o tornou frágil e presa fácil para um poderoso mafioso corsa (franco-italiano), seu companheiro de prisão, que o força a praticar “um serviço” em troca de proteção. Daí por diante a vida do mestiço, como é chamado, viria a mudar completamente. Djabena percebe que aquele não seria o último crime a qual seria obrigado a praticar, e opta, como única forma de se ver livre de tanta pressão, pela adoção da velha prática: “se não podes derrotar o inimigo, junte-se a ele”. E esse é o grande mote da película: por mais inocente que seja o indivíduo, na cadeia isso não perdura, ou debanda ou morre!

Nesse contexto, o protagonista percorre todos os caminhos para se tornar um completo criminoso, o que, na minha opinião, acontece de forma automática, como se o curso dos fatos o levasse a se tornar tal pessoa. Malik não parece ser uma pessoa má (percebe-se isso no seu olhar), tanto que, inicialmente, busca tornar proveitosa de alguma maneira a sua passagem na cadeia (se há como fazer isso), e começa a estudar. Outro ponto capaz de demonstrar a inaptidão de Malik para tornar-se um meliante frio e calculista é o fato de o trauma, na forma um “fantasma”, deixado pelo primeiro crime que comete o acompanhar durante todo o filme.

Grande trabalho do diretor Jacques Audiard, indicado tanto a Cannes quanto ao Oscar, que vale muito assistir e acompanhar a evolução do personagem principal e o quanto sua vida se tranforma na prisão. Fantástico!

.Paulo Cleoblo

~ por paulocleoblo em julho 16, 2010.

Deixe um comentário