Review: Jogo de Poder (Fair Game, USA, United Arab Emirates. 2010)

Avaliação Pessoal: 8,5

Tirando a poeira do blog, resolvi escrever sobre este filme por “n” motivos, os quais vou expondo no decorrer desta avaliação. Sim. O “review” que faço não é exatamente uma crítica cinematográfica como manda o figurino, mas apenas uma avaliação pessoal sobre os filmes que vejo e que me sinto a vontade em compartilhar com vocês as minhas impressões sobre os mesmos. Mas vamos ao filme, até porque é bom estar de volta e, principalmente, para falar de filmes assim.

Não. Esse não é mais um filme sobre agentes da super Central de Inteligência Americana (CIA ou “Mother” para os mais íntimos) que realizam missões mirabolantes em nome dos interesses da mais importante nação do mundo. Definitivamente não. Este é filme sério, com personagens reais (e não à prova de balas) e que expõe os motivos que realmente levaram os EUA à guerra contra o Iraque e os vários “obstáculos” que o governo Bush teve que enterrar para tornar crível a necessidade de sua nação partir para a belicosidade.

Em meio ao caos deixado pelos atentados no fatídico 09/11, agentes da CIA tentavam desesperadamente encontrar motivos que apontassem o Iraque e seu ditador Saddam Hussein como a principal ameaça à segurança dos americanos em seus doces lares. Acontece que a Central, após meses de investigação, chegou à conclusão que Saddam não possuía ADM (sigla para Armas de Destruição em Massa) alguma e nem sequer os meios para produzi-las, afinal a compra de urânio para a fabricação do armamento que se alegava existir, de fato não ocorreu. O que aconteceu? Bush ficou puto! O que o mesmo iria dizer para todas as indústrias armamentistas que financiaram sua reeleição? Que não ia ter guerra porque Saddam nada mais era que um cachorro morto sem armas para revidar? “Ah não! Vamos à guerra e deem um jeito na CIA!”

E foi isso que sucedeu. Bush anunciou na TV que Saddam havia adquirido urânio para a construção de ADM e que e por esse motivo os EUA não podiam ficar absortos diante de tal situação, só lhes restando uma única opção: WAR!

É ai que entra em ação Joseph Wilson, o ex-embaixador americano que, a mando da própria CIA, encampou a investigação na África que concluiu não ter acontecido a compra do material radioativo, e que após ouvir a falácia apresentada pelo presidente na “telinha” decidiu botar a boca no trombone expondo, assim, a mentira. O corajoso personagem, respeitosamente encenado por Sean Penn, sentiu na pele os dias de cão patrocinados pelo alto escalão da Casa Branca em resposta às acusações que fez, saindo da celeuma como o principal vilão, além de completamente desacreditado, tudo numa construção armada por pela manipulada mídia americana. Não bastasse isso, a apoteose da desgraça que se tornou a sua vida chega com a demissão e exposição da verdadeira identidade de sua esposa Valerie Plame (Naomi Watts), agente secreta da CIA, o que praticamente destruiu seu casamento.

O desfecho do filme fica para vocês acompanharem. Só lhes digo uma coisa: vale muito a pena! Filmes como esses nos fazem pensar sobre a responsabilidade de podermos escolher nossos governantes e o quanto não assumimos a responsabilidade pelo que os mesmos fazem. “Democracy, your bitch!”. Na verdade políticos como Bush chegam todos os dias ao poder com o nosso aval e cruzamos os braços para as atrocidades que os mesmos cometem. Com os Ianques, foi a Guerra do Iraque, porém os mesmos esbravejaram e substituíram um governo podre por outro novo, cheio de esperanças, mas com muito ainda a provar. Já nós Tupiniquins, temos “n” exemplos para citar, menos sanguinolentos, concordo, mas não diferentemente podres, contudo, aqui, resolvemos as coisas de maneira completamente diferente: nos contentamos com “Eu não sabia de nada” e subscrevemos mais um novo prazo para o mesmo governo que com panos quentíssimos abafou, na nossa também manipulada mídia, os escândalos que protagonizou.

. Paulo Cleoblo

~ por paulocleoblo em março 27, 2011.

Uma resposta to “Review: Jogo de Poder (Fair Game, USA, United Arab Emirates. 2010)”

  1. Muito bom, Paulinho. Gostei do comentário e a crítica à nossa capacidade de escolha veio muito a calhar.

    Você realmente conseguiu vender o filme, vou assistir.

    Sempre que tiver algum novo post, coloca no twitter para que eu veja e leia depois ok?

    Grande abraço

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